Estratégias operatórias frente ao trabalho repetitivo
Operational strategies adopted in the repetitive work
Gonçalves, Juliana Machion; Camarotto, João Alberto
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-65132013005000087
Production, vol.25, n1, p.190-200, 2015
Resumo
Nas últimas décadas tem ocorrido a consolidação do sistema produtivo local de joias folheadas e bijuterias no município de Limeira, SP, gerando inúmeros postos de trabalho, empregos e desenvolvimento econômico do município.Na fabricação de joias é predominante a utilização do trabalho manual, caracterizado como trabalho repetitivo, ligado principalmente aos processos de montagem e soldagem. Este trabalho analisou a atividade de soldadoras das indústrias de joias folheadas, adotando, como abordagem teórico-metodológica, os pressupostos da Ergonomia Situada, a fim de compreender as estratégias operatórias adotadas frente ao trabalho repetitivo. O estudo verificou a percepção por parte das soldadoras de que as exigências físicas prevalecem na atividade de trabalho, mas que elas agem sobre a organização, tendo um trabalho coletivo e flexibilidade para alterar modos operatórios, regulando o seu trabalho. Devido à experiência, trabalho coletivo, pausas e possibilidades de aceleração ou diminuição do ritmo de trabalho, as soldadoras conseguem manter-se trabalhando frente ao trabalho repetitivo.
Palavras-chave
Trabalho repetitivo. Ergonomia situada. Joias folheadas
Abstract
In the past decades, we have seen the consolidation of the local productive system of plated jewelry in the municipality of Limeira, Sao Paulo state. This market has created many jobs and work opportunities contributing to the city’s economic development. In jewelry manufacturing, there is predominance of manual work, characterized as repetitive work, mainly associated with the processes of assembly and welding. This study analyzed the activity of plated jewelry female welders using a theoretical-methodological approach and the precepts of located ergonomics in order to understand the operational strategies adopted against the repetitive work. The study verified the welders’ perception that the physical demands prevail in work activities, but they work on the organization, collective work, and flexibility to change the operating mode, adjusting it to their work. Because of their experience and expertise, collective work, breaks, and the possibility of accelerating or decreasing the pace of work, the welders have been able to keep performing the repetitive work.
Keywords
Repetitive work. Located ergonomics. Plated jewelry.
References
Abrahão, J. I., & Pinho, D. L. M. (2002). As transformações do trabalho e desafios teórico-metodológicos da Ergonomia. Estudos de Psicologia, 7(n. Especial), 45-52. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-294X2002000300006
Alves, G. B. O., Assunção, A. A., & Luz, M. G. (2002). Abordagem Ergonômica no estudo das posturas do trabalho: O Caso de uma Fábrica de Joias. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 13(3), 111-117. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v13i3p111-117
Assunção, A. A., & Luz, M. G. (2001). O componente afetivo na atividade da enfermagem: o caso do banco de leite humano. Revista Mineira de Enfermagem, 5(1), 13-19.
Assunção, A. A., & Lima, F. P. A. (2003). A contribuição da ergonomia para a identificação, redução e eliminação da nocividade do trabalho. In R. Mendes (Org.), Patologia do trabalho (2. ed. rev. ampl., Vol. 2, pp. 1767-1789). São Paulo: Atheneu.
Assunção, A. A. (2003). O saber prático construído pela experiência compensa as deficiências físicas provocadas pelas condições inadequadas de trabalho. Revista Trabalho e Educação, 12(1), 35-49.
Berto, R. M. V. S., & Nakano, D. N. (1998). Métodos de Pesquisa na Engenharia de Produção. In XVIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Niterói. Retrieved from http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep1998_art174.pdf
Carayon, P. (2000). A organização do trabalho e os DORTs no setor de serviços. In L. I. Swnelwar & L. Nadim (Org.), O trabalho humano com sistemas informatizados no setor de serviços (pp. 21-35). São Paulo: Pleiade.
Colombini, D., Occhipinti, E., & Fanti, M. (2008). Método OCRA para a análise e a prevenção do risco por movimentos repetitivos: manual para a avaliação e a gestão do risco. São Paulo: LTr.
Coutarel, F., Daniellou, F., & Dugué, B. (2005). La prévention des troubles musculo-squelettiques: quelques enjeux épistémologiques. Activités, 2(1). Retrieved from http://www.activites.org/v2n1/coutarel.pdf
Dejours, C. (2000). Novas formas de organização do trabalho e LER: Abordagem através da Psicodinâmica do Trabalho. In L. I. Swnelwar & L. Nadim (Org.), O trabalho humano com sistemas informatizados no setor de serviços (pp. 38-40). São Paulo: Pleiade.
Gil, A. C. (1996). Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas.
Guérin, F., Laville, A., Danielou, F., Durafourg, J., & Kerguelen, A. (2001). Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da ergonomia. São Paulo: Edgar Blücher.
Kuorinka, I., & Forcier, L. (Org.) (1995). LATR: les lésions attribuables au travail répétitif: ouvrage de référence sur les lésions musculo-squelettiques liées au travail. Canadá: Multi Mondes.
Laville, A. (1989). Vieillissement et travail. Le travail humain, 52(1), 3-19.
Leplat, J. (2004). Aspectos da complexidade em ergonomia. In F. Daniellou (Coord.), A ergonomia em busca de seus princípios: debates epistemológicos (pp. 57-78). São Paulo: Edgard Blücher.
Lima, F. P. A. (1998). L.E.R - Dimensões Ergonômicas e Psicossociais. In J. N. G. Araújo, F. P. A. Lima & M. E. A. Lima (Orgs.), Ergonomia e prevenção da LER: possibilidades e limites. Belo Horizonte: Editora Health.
Lima, F. P. A., & Silva, C. A. D. (2002). A objetivação do saber prático na concepção de sistemas especialistas: das regras formais às situações de ação. In F. Duarte (Org.), Ergonomia e Projeto na indústria de processo contínuo (pp. 84-121). Rio de Janeiro: COPPE/RJ.
Maciel, R. H. (2000). Prevenção da LER/DORT: o que a ergonomia pode oferecer. In Brasil, Cadernos de saúde do Trabalhador. Retrieved from http://www.coshnetwork.org/sites/default/files/caderno9%20ler-dort.pdf
Oliveira, S., & Jacques, M. G. C. (2006). Políticas e práticas de gestão e saúde: recortes sobre o trabalho de teleatendimento no Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 31(114), 63-72. http://dx.doi.org/10.1590/S0303-76572006000200006
Silverstein, B. A., Fine, L. J., & Armstrong, T. J. (1986). Hand wrist cumulative trauma disorders in industry. British Journal of Industrial Medicine, 43(11), 779-784. Retrieved from http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1007752/pdf/brjindmed00175-0059.pdf
Suzigan, W., Garcia, R., Furtado, J., & Sampaio, S. E. K. (2003). Sistemas Locais de Produção: mapeamento, tipologia e sugestões de políticas. In Encontro Nacional de Economia, Porto Seguro.
Vilela, R. A. G. & Ferreira, M. A. L. (2008). Nem tudo brilha na produção de joias de Limeira – SP. Produção, 18(1), 183-194. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-65132008000100014
Wisner, A. (2004). Questões epistemológicas em Ergonomia e Análise do Trabalho. In F. Daniellou (Coord.), A ergonomia em busca de seus princípios: debates epistemológicos (pp. 29-55). São Paulo: Edgard Blücher.
Yin, R. K. (2005). Estudo de Caso: Planejamentos e Métodos. Porto Alegre: Bookman.