Subjetividade, trabalho e ação
Subjectivity, work and action
Dejours, Christophe
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-65132004000300004
Prod, vol.14, n3, p.27-34, 2004
Resumo
Este artigo traz algumas questões para o debate sobre as relações entre trabalho e subjetividade. Nessa perspectiva o trabalho é aquilo que implica, do ponto de vista humano, o fato de trabalhar: gestos, saber-fazer, um engajamento do corpo, a mobilização da inteligência, a capacidade de refletir, de interpretar e de reagir à s situações; é o poder de sentir, de pensar e de inventar. O real do trabalho sempre se manifesta afetivamente para o sujeito, aà se estabelece uma relação primordial de sofrimento, experimentada pelo sujeito, corporificada. Trabalhar é preencher a lacuna entre o prescrito e o real. Por isto é que uma parte importante do trabalho efetivo permanece na sombra, não podendo, então, ser avaliado. Outra questão abordada é sobre os acordos firmados entre os trabalhadores no seio do coletivo, de uma equipe ou de um ofÃcio, que têm sempre uma vetorização dupla: de uma parte, um objetivo de eficácia e de qualidade do trabalho; de outra parte, um objetivo social. É proposta também uma discussão entre a teoria psicodinâmica do trabalhar, onde a centralidade do trabalho é um dos seus alicerces e a teoria psicanalÃtica onde esta questão não é abordada diretamente.
Palavras-chave
Subjetividade e trabalho, sofrimento, prescrito e real, centralidade do trabalho
Abstract
This paper produces some issues for debate on the relationships between work and subjectivity. Under this perspective, work implies, from a human point of view, the fact of working: gestures, know-how, a commitment of the body, the mobilization of intelligence, the ability to reflect, to interpret and to react to situations; it is the power of feeling, of thinking and of inventing. Actual work is always affectively manifested to the subject, whereby a primordial distress relationship is established, experienced by the subject, embodied. To work is to fill the gap between the prescribed and the real. This is why an important part of the effective work remains in the shade, and cannot, therefore, be assessed. Another question concerns the agreements built by workers within the collective of a team or of a job, which always present a double vectorization: from the one hand, a work efficacy and quality goal; on the other hand, a social goal. A discussion of the psychodynamics of work theory is also proposed, where the work centrality is one of their pillars as well as the psychoanalytical theory, where this issue is not directly approached.
Keywords
Subjectivity and work, suffering, prescribed and real, work centrality
References
ARENDT. H. (1951): "The Origins of Totalitarism". (Harcourt, Brace and World Inc. New York). Trad Française : "Le système totalitaire. Les origines du totalitarisme". Paris. Seuil. p. 224-232.
BÖHLE. F., MILKAU. B. (1991): Vom Handrad zum Bildschirm. CAMPUS. Institut für Sozialwissenschaftliche Forschung e.v. ISF Müncher.
BOUTET. J. (sous la direction de) (1995): "Parole au travail". L'harmattan. 1 vol. 268 pages.
CLOT, Y, (1995): Le travail sans l'homme? Éditions de la Découverte. Paris. 275 pages.
DANIELLOU. F., LAVILLE. A., TEIGER.C. (1983): Fiction et réalité du travail ouvrier. Documentation Française. Les Cahiers Français.209:39-45
DETIENNE M., VERNANT J.P. (1974): "Les ruses de l'intelligence. La metis chez les Grecs". Flammarion (Paris). 1 vol.
FREUD. S. (1915): Triebe und Triebschicksale, Gesammelte Werke. Fischer Verlaag X. Trad Française: Les Pulsions et leurs destins, in "Métapsychologie". Gallimard. 1952, p 25-66.
HENRY. M. (1987): La Barbarie, essai, Grasset. p 81-85.
MAUSS. M. (1934): Les techniques du corps. In "Sociologie et anthropologie". Edition P.U.F. p.p. 365- 388.
MERLEAU-PONTY (1947): Le primat de la perception et ses conséquences philosophiques. Bull. Soc. fr. Phil, 41, 119-153.
REYNAUD, J-D, (1989): Les règles du jeu, l'action collective et la régulation sociale.Armand Colin, Paris.