Production
https://prod.org.br/doi/10.1590/S0103-65132005000200004?lang=en
Production
Article

Organização do trabalho, subjetividade e confiabilidade na atividade de mergulho profundo

Labor organization, subjectivity and reliability on the deep-sea diving activity

Figueiredo, Marcelo Gonçalves; Athayde, Milton Raimundo C. de

Downloads: 0
Views: 813

Resumo

Neste artigo destacamos a dimensão coletiva do trabalho na atividade de mergulho profundo e os componentes subjetivos aí implicados, por considerarmos que tais aspectos são fundamentais para pensar a segurança e a confiabilidade nos sistemas sociotécnicos complexos. Tomamos como material empírico privilegiado a investigação inicial conduzida por Figueiredo (2001) acerca das condições em que se desenvolve esta atividade na bacia de Campos (região norte do Estado do Rio de Janeiro), que é permanentemente terceirizada e está inserida na indústria petrolífera offshore. Ao desconsiderar algumas das chamadas regras de trabalho fundamentais, assim como o papel decisivo que estas desempenham no curso das tarefas, o modo de organização do trabalho vigente cria obstáculos sérios à coesão e à consolidação dos coletivos, minando o potencial de cooperação aí presente, com graves riscos para a confiabilidade do sistema analisado e para a saúde (mental) e segurança dos mergulhadores.

Palavras-chave

Organização do trabalho, coletivos de trabalho, subjetividade, saúde e segurança, mergulho profundo, indústria petrolífera offshore

Abstract

In this paper, we focus on the collective dimension of the deep-sea diving work and, specially, the subjective compounds implicated in such activity, because we consider such aspects so fundamental to think the security and the reliability of the complex social-technical systems. We took as empirical field the investigation conducted by Figueiredo (2001) concerning the conditions in which this activity is developed in the Campos Oil Fields (Northern region of the state of Rio de Janeiro), that is permanently outsourced and inserted in the offshore oil industry. Our analysis showed that when some of the so-called fundamental rules of work are not considered, such as the decisive role that these rules perform in the execution of the tasks, the way of labor organization is presented, creates serious obstacles to cohesion and to consolidation of the work collectives, mining the inner cooperation potential, with serious risks to the reliability of the analyzed system and to the mental health and security of the divers.

Keywords

Work organization, work collectives, health and security, subjectivity, deep-sea diving, offshore oil industry

References



ATHAYDE, M. Gestão de coletivos de trabalho e modernidade: questões para a engenharia de produção. Tese de Doutorado, COPPE/UFRJ. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1996.

ATHAYDE, M.; BRITO, J.; NEVES, M. (orgs.). Caderno de textos: programa de formação em saúde, gênero e trabalho nas escolas. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2003.

BARRETO, F. Oficina de heróis — Estudo sobre a identidade social dos mergulhadores profissionais. Tese de Doutorado, IFCS/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1998.

BERTHOZ, A. Le sens du mouvement. Paris: Odile Jacob, 1997.

BRESSOLLES, M. C.; DECORTIS, F. & PAVARD, B. "Traitement cognitif et organisationnel des micro-incidents dans le domaine du contrôle aérien: analyse des boucles de régulation formelles et informelles". In: G. de TERSSAC & E. FRIEDBERG (Eds.), Coopération et conception. Toulouse:Octarès, pp. 267-289, 1996.

CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.

CANGUILHEM, G. "Meios e normas do homem no trabalho". Pro-posições, 12(2-3):109-121, [1947] 2001.

CLOT, Y. Le travail sans l`homme? Paris: La Découverte/Poche, 1998.

_____________. La fonction psychologique du travail. Paris: PUF, 1999.

CLOT, Y. & FAITA, D. "Genres et styles en analyse du travail. Concept et méthodes". Travailler, Revue Intenationale de Psychopathologie et de Psychodynamique du Travail, n. 4, p. 7-42, 2000.

CRU, D. Les régles du métier. In: Dejours, C. (Org.) Plaisir et souffrance dans le travail, Tome I. Paris: AOCIP/CNRS, p. 29-51, 1987.

DANIELLOU, F. "Introdução. Questões epistemológicas acerca da ergonomia". In: DANIELLOU, F. (coord.), A ergonomia em busca de seus princípios. São Paulo: Edgard Blücher, p. 1-13, 2004.

DEJOURS, C. Travail: usure mentale: de la psychopathologie à la psychodynamique du travail. Nouvelle édition augmentée. Paris: Bayard, 1993.

____________ . O fator humano. Rio de Janeiro: FGV, 1997.

____________. L'évaluation du travail à l'épreuve du réel. Paris: INRA, 2003.

____________ & CRU, D. "Saberes de prudência nas profissões da construção civil". Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 15, n. 59, p. 30-34, 1987.

FIGUEIREDO, M. O trabalho em tubulões a ar comprimido: nos subterrâneos da Linha Vermelha. Tese de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1995.

__________. O trabalho de mergulho profundo em instalações petrolíferas offshore na bacia de Campos: confiabilidade e segurança em maio à guerra de `Highlander' contra Leviatã. Tese de Doutorado, COPPE/UFRJ. Rio de Janeiro, 2001.

GUÉRIN, F.; LAVILLE, A.; DANIELLOU, F. et al. Compreender o trabalho para transformá-lo — a prática da ergonomia. São Paulo: Edgard Blücher, 2001.

HIRATA, H. Nova divisão sexual do trabalho? São Paulo: Boitempo, 2002.

HUBAULT, F. Do que a ergonomia pode fazer a análise?. In: DANIELLOU, F. (coord.). A ergonomia em busca de seus princípios. São Paulo: Edgard Blücher, p.105-140, 2004.

LE GUILLANT, L. (1984). Incidences psychopathologiques de la condition de `bonne à tout faire' [L'Évolution psychiatrique, janv-mars 1963]. In: Quelle psychiatrie pour notre temps? Toulouse: Erès. LOSICER, E. A pro-cura da subjetividade: a organização pede análise. In: Davel, E. & Vasconcellos, J. (orgs.). Recursos humanos e subjetividade. Petrópolis: Vozes, p. 68-79, 1995.

LOSICER, E. A procura da subjetividade: a organização pede análise. In: Davel, E. & Vasconcellos, J. (Orgs.). Recursos humanos e subjetividade. Petrópolis: Vozes, p.68-79, 1995.

MOLINIER, P. Psychodynamique du travail et précarisation: la construction défensive de la virilité. In: B. APPAY & A. THÉBAUD-MONY, Précarisation sociale, travail et santé. Paris: CNRS, p. 285-292, 1997.

___________ . Souffrance et théorie de l'action. Travailler, Revue Internationale de Psychopathologie et de Psychodynamique du Travail, n. 7, p. 131-146, 2001.

___________ & WELZER-LANG, D. Féminité, masculinité, virilité. In: Hirata, H. et al. Dictionnaire critique du féminisme. Paris: PUF, p. 71-76, 2000.

NEGRI, A. & HARDT, M. Império. Rio de Janeiro: Record, 2001.

SAMPAIO, J.; BORSOI, I.; RUIZ, E. Saúde mental e trabalho em petroleiros de plataforma: penosidade, rebeldia e conformismo em petroleiros de produção (on shore/off shore) no Ceará. Fortaleza: FLACSO/EDUECE, 1998.

SIQUEIRA SILVA, V. Os transtornos mentais que acometem os embarcados. Macaé, RJ, (mimeo), 1997.

SCHWARTZ, Y. Travail et philosophie: convocations mutuelles. Toulouse: Octarès, 1992.

_____________. De l'inconfort intellectuel, ou: comment penser les activités humaines? Revue La liberté du travail, Éditions Syllepse, p. 99-149, 1995.

_____________. Le paradigme ergologique ou un métier de Philosophe. Toulouse: Octarès, 2000.

_____________ & FAÏTA, D. L'homme producteur. Paris: Messidor, 1985.

TERSSAC, G. & CHABAUD, C. Référentiel opératif commun et fiabilité. In: LEPLAT, J. & TERSSAC, G. (orgs.). Les facteurs humains de la fiabilité dans les systèmes complexes, Marseille: Octarès, 1990.
5883a4027f8c9da00c8b473a 1574685864 Articles
Links & Downloads

Production

Share this page
Page Sections